2008/08/04

O Skoda 1000MB

Ando há uns meses obcecado em reaver o automóvel da vida do meu avô, trata-se de um Skoda 1000MB de 1965, que está há mais de 10 anos numa oficina de bate-chapas para ser reparado tendo ali ficado até hoje num relativo esquecimento.
O ZE-30-65 circulou durante 30 anos, fez imensas viagens em 2 continentes diferentes e ficará para todo o sempre nas minhas boas memórias. Está de tal maneira presente em mim que ainda consigo lembrar-me do cheiro característico que dos seus estofos emanava. Foi comprado em Moçambique/Lourenço Marques (Maputo) e por lá andou até 1976 altura em que o meu pai o conseguiu enviar para Portugal onde já estavam os meus avós regressados um ano antes e eu acabadinho de chegar, dentro de uma das grelhas laterais veio escondido algo, um bem (não consigo me lembrar o que seria) que não era permitido trazer da ex-colónia mas que escondido lá passou. As viagens mais marcantes que fiz neste carro foram as longas idas de Anadia até Lisboa para ir buscar a minha mãe ou o meu pai ao aeroporto da Portela vindos de Moçambique para umas férias na ex-metrópole, eram viagens de 7 a 8 horas de duração refiro-me às viagens de carro quase tantas quantas as de Moçambique para cá de avião. Marcantes foram também as viagens (mais curtas) até à praia da Barra em Aveiro.
Um pequeno e inocente vício na ternura dos meus 4 anos de idade era simplesmente isto... virava-me sempre para trás... ajoelhava-me no banco traseiro (em 1976 cintos de segurança nem nos bancos da frente eram obrigatórios) e observava tudo o que ia ficando.
Entretanto desde esse tempo 3 décadas "voaram", o meu avô já não está entre nós e este vazio será simbolicamente minimizado com o nosso Skoda.
Pedem-me 1500€ pelo trabalho que foi feito e se juntarmos o tempo que esteve parado na oficina até que pode ser um valor justo, não o questiono, apenas não quero pagar tanto e assim lá ando numa negociação que já dura desde há uns meses numa tentativa de o baixar e não é que começa a dar os seus frutos.
No último telefonema lá consegui arrancar "então homem? afinal quanto é que pode pagar?" - recusei responder dizendo-lhe que os 1.500€ é que não podia ser e que ele descesse ao máximo possível que ia levantar o carro.
Ficou de falar com o filho... fiquei de ligar hoje... ligarei na quarta-feira.

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