2008/08/12

Pequim 2008

Ficámos todos a saber que afinal parte das imagens do fogo de artifício que milhões de pessoas viram na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 foram geradas por computador!!!!
Ficámos todos a saber que afinal a voz da criança simpática que cantou na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 não era sua, playback meus amigos, playback!
Gastaram os chineses 45 milhões de euros na fantástica cerimónia de abertura e depois estragam tudo nos pequenos detalhes, mas não estará a diferenciação nos detalhes?
GRANDES ALDRABÕES!
Lembro-me de há uns anos quando fui a uma convenção de uma imensa marca japonesa (daquelas que fabricam tudo) terem-nos oferecido um fantástico jantar, num restaurante fantástico, hotel pago numa estância (cara) turística no sul de Espanha, autocarro à porta para nos levar ao restaurante e depois... depois o vinho não estava incluído... tudo incluído menos o vinho!
Estes orientais estragam tudo nos pequenos detalhes!
Mas o pior está na manipulação da informação a que estamos sujeitos, comemos tudo o que vem na imprensa como sendo verdade e vindo da mesma imprensa que denúncia este escândalo em Pequim.
Será tudo verdade?
Não é seguramente!
Há uns meses antes do Euro 2008 um jogador importante e de comum acordo com o seu seleccionador lança o boato de que não jogaria mais enquanto o seleccionador fosse "fulano tal".
A notícia espalhou-se pelo mundo inteiro e só alguns jornais telefonaram-lhe para confirmar a veracidade da história!!!!!
A ideia deste boato foi para precisamente provar que não há veracidade em tudo o que sai na imprensa!
Assustador!

Transcrevo aqui um texto publicado hoje no DN e da responsabilidade do jornalista João Miguel Tavares. jmtavares@dn.pt

OS CIGANOS E A POBREZA 'PLAYSTATION'
Anda por aí um pingue-pongue na imprensa por causa dos ciganos. Tudo começou com os conflitos na Quinta da Fonte, e aquilo que se veio a descobrir depois: que a maior parte das famílias ciganas ali alojadas tinha rendas de casa abaixo dos cinco euros por mês e que, mesmo assim, não as pagava. Mais do que isso: não se compreendia como é que pessoas incapazes de cumprir com as suas responsabilidades mais básicas se queixavam depois de terem sido assaltadas por gente que lhes levara... o DVD, o plasma e a Playstation das crianças. Foi esta pobreza Playstation, chamemos-lhe assim, mais a percentagem absurda de ciganos que recebe o rendimento de reinserção social, que deu origem a vários textos indignados sobre a forma como a comunidade se coloca à sombra de um Estado que tudo dá e nada recebe em troca. Ou, como resumiu Miguel Sousa Tavares, os ciganos "não podem ser cidadãos para os direitos e marginais para os deveres".Claro que textos a criticarem etnias dão imediatamente origem a textos a defender etnias. Rui Tavares despachou a coisa com um "preconceito anticigano" que se "agarra a tudo e pode fugir ao controlo", dando como exemplo a absurda discriminação que está a ocorrer em Itália, e sugerindo, entre a ironia e a demagogia, que ainda se vai descobrir que foram os ciganos "que raptaram Maddie" ou que "estão por detrás do escândalo Casa Pia". Eu percebo o ponto de Rui Tavares, e sei os perigos que acarreta iniciar nesta terra qualquer conversa sobre "os ciganos". Ninguém duvida que se trata da comunidade mais impopular (para utilizar uma palavra simpática) de Portugal, e que o discurso sobre a subsidiodependência dos ciganos tende a curvar rapidamente na direcção do mais reles racismo. A questão é esta: será que, para fugirmos a esse tipo de acusações, estamos condenados a silenciar aquilo que são problemas evidentes de uma comunidade e um comportamento imoral de parte significativa dos seus membros?Não vale a pena fingir que as comunidades são todas iguais: há uma longa história de resistência à integração por parte dos ciganos, que em última análise é a causa dos problemas actuais. Sem dúvida que foi essa resistência que lhes permitiu chegarem até hoje com uma cultura própria, a muitos títulos admirável - só que nos bairros sociais é difícil encontrar gente interessada nas maravilhas da sociologia e da antropologia. Para um lado ou para o outro, convém sobretudo não sermos ingénuos. Se os ciganos estão a habitar casas com rendas de cinco euros não é porque as câmaras sejam dadas à caridade, mas porque é esse o preço que estão dispostas a pagar pela sua sedentarização. E, se os ciganos não pagam essas rendas, é porque sabem que as câmaras engolem o atrevimento, desde que eles fiquem quietinhos a um canto. Quando não ficam quietinhos... bom, quando não ficam quietinhos, esta frágil rede de hipocrisias estala - e aí, o "problema cigano" reaparece.

2008/08/11

Um mau dia

Hoje tive um mau dia a nível profissional, o dia até que nem foi mau terminou foi muito mal melhor dizendo, quando a nossa dignidade é posta em causa não resta alternativa do que reagir e responder à altura nem que isso possa custar caro.

2008/08/10

Barba? Qual barba?

São 22:00h, fui dar um beijo de boa noite às minhas filhas a A.R. diz-me "amanhã quero essa barba cortada!" Barba? Qual barba?

Como estava uma manhã solarenga fomos até ao rossio (não é o rossio que estão pensar) tomar um café, sem qualquer plano passámos pela Casa Major Pessoa que em tempos pertenceu a uma familiar da minha mulher (uma prima afastada a Sr.ª D.ª Julieta). Pagámos 1€ cada um e constatámos que está bonita, muito bonita, por enquanto continua vazia mas soubemos que se vai transformar num museu. Deveriam ser umas 11:30h quando saímos, recebo um puxão numa das mãos e ouço... "papá quero comer aquelas coisas amarelas"... tremoços? pergunto eu... agora não! Tomámos os nossos cafés na Praça do Peixe e fomos ao parque infantil (do rossio) com as miúdas, só me faz aflição é num local de lazer, porventura dos mais bonitos de Aveiro, onde estão imensas crianças encontrarmos indigentes, arrumadores, prostitutas, drogados e está tudo bem! Mas está mesmo tudo bem? Todos têm direito ao sol, mas todos sabemos que não estão ali para usufruir daquele espaço público e também não é menos verdade que não estava qualquer policia no local. PSP, GNR, Polícia Municipal para mim tanto me faz! Polícia Municipal temos com fartura mas para verificar se a malta paga os parquímetros, como ao Domingo não se paga eles não estavam lá e atrevo-me a escrever que mesmo que fosse num dia a pagantes também não estariam para fazer mais do que apenas ver se temos os talões válidos no tablier. Como diz o Nuno Lopes "vai mazé trabalhar".

Hoje a minha mulher foi para Nova Iorque e eu fui para Alfragide!

Que é?

Bem bom Alfragide!

Ontem fui ao dentista!

A minha boca anda em trabalhos forçados e o Dr. P.V. é daqueles dentistas que não gostam de anestesiar, não me lembro da última vez em que ele deu-me a piquinha milagrosa.

A pergunta é porque volto lá?

Porque nunca me doeu!

O que é bem verdade também é que estou sempre à espera que doa à séria, há os dentistas que anestesiam por tudo e por nada o que diga-se que em grande parte dos casos nem seria necessário mas eu acho que ele até se esquece!!!!!

"One of this days" dou-lhe um murro nos dentes e pode ser já na próxima 2ª feira.

2008/08/04

O Skoda 1000MB

Ando há uns meses obcecado em reaver o automóvel da vida do meu avô, trata-se de um Skoda 1000MB de 1965, que está há mais de 10 anos numa oficina de bate-chapas para ser reparado tendo ali ficado até hoje num relativo esquecimento.
O ZE-30-65 circulou durante 30 anos, fez imensas viagens em 2 continentes diferentes e ficará para todo o sempre nas minhas boas memórias. Está de tal maneira presente em mim que ainda consigo lembrar-me do cheiro característico que dos seus estofos emanava. Foi comprado em Moçambique/Lourenço Marques (Maputo) e por lá andou até 1976 altura em que o meu pai o conseguiu enviar para Portugal onde já estavam os meus avós regressados um ano antes e eu acabadinho de chegar, dentro de uma das grelhas laterais veio escondido algo, um bem (não consigo me lembrar o que seria) que não era permitido trazer da ex-colónia mas que escondido lá passou. As viagens mais marcantes que fiz neste carro foram as longas idas de Anadia até Lisboa para ir buscar a minha mãe ou o meu pai ao aeroporto da Portela vindos de Moçambique para umas férias na ex-metrópole, eram viagens de 7 a 8 horas de duração refiro-me às viagens de carro quase tantas quantas as de Moçambique para cá de avião. Marcantes foram também as viagens (mais curtas) até à praia da Barra em Aveiro.
Um pequeno e inocente vício na ternura dos meus 4 anos de idade era simplesmente isto... virava-me sempre para trás... ajoelhava-me no banco traseiro (em 1976 cintos de segurança nem nos bancos da frente eram obrigatórios) e observava tudo o que ia ficando.
Entretanto desde esse tempo 3 décadas "voaram", o meu avô já não está entre nós e este vazio será simbolicamente minimizado com o nosso Skoda.
Pedem-me 1500€ pelo trabalho que foi feito e se juntarmos o tempo que esteve parado na oficina até que pode ser um valor justo, não o questiono, apenas não quero pagar tanto e assim lá ando numa negociação que já dura desde há uns meses numa tentativa de o baixar e não é que começa a dar os seus frutos.
No último telefonema lá consegui arrancar "então homem? afinal quanto é que pode pagar?" - recusei responder dizendo-lhe que os 1.500€ é que não podia ser e que ele descesse ao máximo possível que ia levantar o carro.
Ficou de falar com o filho... fiquei de ligar hoje... ligarei na quarta-feira.

O Governo anunciou na passada quarta-feira dia 30, simultaneamente em Sabrosa (a terra onde alegadamente terá nascido Fernão de Magalhães) e em Matosinhos, a parceria com a Intel e a J. P. Sá Couto para a produção do primeiro computador portátil inteiramente produzido em Portugal. O “Magalhães”! Este computador destina-se a crianças entre os 6 e 10 anos que frequentem o primeiro ciclo do ensino básico e vai custar no máximo 50€! Sem sequer ousar em criticar esta iniciativa (que até me parece ser uma boa ideia) atrevo-me a escrever que finalmente Fernão de Magalhães teve uma homenagem oficial do Estado Português. "Culpa” de uma única pessoa e essa pessoa é o figueirense Gonçalo Cadilhe e graças ao seu livro “Nos Passos de Magalhães”!
Há mais de cinco séculos, eu repito, cinco séculos que Magalhães é renegado pelo país onde nasceu, ocupou recentemente o “mísero” 35º lugar na escolha dos Grandes Portugueses na RTP não porque os portugueses não sejam gratos mas porque em geral desconhecem o seu feito (esta é obviamente a minha opinião).

Eu votei em Fernão Magalhães não porque saiba muito mais que os meus conterrâneos mas apenas porque sei o suficiente para o considerar o maior navegador de todos os tempos!

Vem agora o Governo (políticos são sempre assim) aproveitar a “boa onda” de Gonçalo Cadilhe e baptizar o computador portátil, até pode ser que o nome estivesse escolhido há muito tempo, antes até do referido livro, mas também não deixa de ser coincidência a mais.

Seria bom que se comece agora por repor um pouco da dignidade desta grande figura nacional que só pecou porque navegou ao serviço do Rei de Espanha apenas e só porque o Rei D. Manuel II o renegou!

Nunca tivemos a humildade de achar que errámos, parece incrível mas não conseguimos em 5 séculos assumir isso.

Obrigado ao Gonçalo Cadilhe e quanto ao Governo perdoem-me mas não consigo deixar de pensar que foi mero aproveitamento da moda e para parecer bem na TV, vou estar no entanto atento se verificar que é de facto uma acção continuada na defesa do Grande Magalhães mudarei o discurso até porque tenho filhos ... estarei atento … a começar pelos manuais escolares de História de Portugal.